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OS OUTROS

Foto em preto e branco mostra um casal de aproximadamente 30 anos. A mulher é branca, de cabelos pretos lisos compridos, usa vestido com renda e sapato de salto. Ela está sentada no chão de perfil, com as pernas esticadas e a perna esquerda cruzada por cima da perna direita. Ela sorri, com a cabeça virada para o lado, na direção da câmera. Atrás dela, há um homem branco, de cabelos pretos ondulados na altura da orelha, vestindo camiseta de manga curta, bermuda preta com listras brancas na lateral e tênis esportivo. Ele usa próteses nas duas pernas. Está ajoelhado sobre a perna esquerda e mantém a perna direita esticada, de forma que a sola do seu tênis está em primeiro plano. A mão direita está sobre a coxa da perna esticada e ele apoia a mão esquerda no chão, atrás da moça, inclinando seu corpo em direção a ela, sorrindo.
Max Freitas Lopes é amputado dos membros inferiores e casado com Fabíola Freitas Lopes.
Foto: Kica de Castro.
Início do conteúdo.

SEXUALIDADE E DEFICIÊNCIA

Fotografia em preto e branco de plano médio de uma mulher de aproximadamente 40 anos, branca, cabelos pretos lisos compridos. Ela veste um sutiã, está deitada em cima de uma cama, apoiando a cabeça sobre a roda de uma cadeira de rodas que está dobrada também em cima da cama. Seus cabelos estão soltos, jogados para cima e ela segura o aro propulsor da cadeira com as mãos, deixando os braços para cima da cabeça. Ela aparece na parte direita da foto, com a cabeça no centro da imagem.

AUTOESTIMA

Foto em preto e branco mostra uma mulher de aproximadamente 40 anos, branca, olhos pretos e cabelos pretos lisos compridos na altura do peito. Ela sorri com os lábios cerrados, está nua, sentada sobre um pano xadrez com as pernas levemente arqueadas na altura do joelho. Ela está com os braços junto ao corpo, tampando os seios e entrelaçando os fios de cabelo por entre os dedos das mãos. Seu corpo está de perfil em relação à câmera e sua cabeça está virada na direção da foto. Ela está focada em segundo plano e, em primeiro plano, há alguns desenhos brancos desfocados da cabeça de um tigre e arabescos.

SEXO

Foto em preto e branco mostra um casal de aproximadamente 30 anos. A mulher é branca, de cabelos loiros compridos. Ela está deitada com a lateral esquerda do corpo apoiada ao chão, de forma que a câmera, que também está na altura do chão, visualiza seu corpo de frente. Ela está nua, mas os seios e o baixo ventre estão cobertos por um pano preto de caveiras brancas, simulando uma blusa curta e uma saia. Sua cabeça está apoiada na perna direita de um homem, suas mãos tocam o joelho dele e ela está com a cabeça virada para cima na direção dele. O homem é branco, tem cabelo curto preto, barba e cavanhaque pretos. Ele está sem camisa, sentado atrás dela e apoia a mão direita no chão, passando o braço pela frente do corpo dela. A mão esquerda acaricia os cabelos da moça. Ele está inclinado em direção ao rosto dela e os dois se olham; ela sorri. Atrás deles, há uma cadeira de rodas.

REPRODUÇÃO

Foto em preto e branco mostra uma mãe dando mamadeira ao filho bebê. Em primeiro plano, vê-se o detalhe do rosto de uma mulher de aproximadamente 30 anos, pele branca, olhos pretos, cabelos pretos lisos curtos. Seus olhos delineados por um lápis preto. Em segundo plano, desfocado, vê-se a mão direita da mulher levando uma pequena mamadeira com leite à boca de um bebê recém-nascido. O bebê está envolto em uma manta branca.

As interações entre as pessoas com deficiência e os demais indivíduos demandam conhecimento e aceitação perante a condição física ou intelectual do sujeito


A

atuação de familiares e amigos tem grande importância no entendimento e na aceitação que a pessoa com deficiência realiza sobre a sua própria condição, pois são esses grupos que podem oferecer suporte e facilitar o processo de assimilação da nova realidade. Quando esses dois pilares da vida em sociedade agem com preconceito ou não se dispõem, eles mesmos, a aceitarem a condição da pessoa com deficiência, criam-se mais dificuldades no autorreconhecimento desse indivíduo.

A estudante universitária Paolla, que prefere não revelar seu sobrenome, estava no primeiro ano da faculdade quando sofreu o acidente que lesionou sua medula. As primeiras medidas após o ocorrido e as atividades de recuperação incluíram internação hospitalar, uma cirurgia e muita fisioterapia, sendo que, enquanto passava por todo esse processo, ela retornou à cidade de seus pais, tendo que ficar afastada por um ano da universidade.

No retorno ao câmpus, a jovem ingressou na turma seguinte à dela. Ela conta que percebe uma diferença de tratamento entre as pessoas que a conheciam antes do acidente – família, os antigos colegas de sala e amigos da cidade natal –, e os que a conheceram depois, os calouros com quem estuda agora. “O que mexe emocionalmente comigo é o fato de as pessoas que me conheceram depois do acidente me verem e tratarem de uma maneira diferente, como uma nova identidade. Às vezes, eu percebo que elas olham pra mim com dó ou pena”. Paolla explica que tenta se esforçar sempre para que não seja vista com piedade, mas sim como uma vitoriosa. Algumas atividades que ela não consegue executar a deixam triste em relação à limitação física, como prender o cabelo, tocar violão, correr e jogar futebol. “Emocionalmente, às vezes me sinto meio frágil por conta disso, mas, racionalmente, eu me enxergo como uma vitoriosa, considerando-se tudo que eu passei”.

Já a atuação de uma amiga teve grande relevância para a mudança pela qual passou o jornalista Sergio Guzzi, que nasceu com Artrogripose, uma doença congênita que afetou, no caso dele, os membros inferiores – ele nasceu com o quadril fora do lugar, sem articulação no joelho esquerdo e com os pés tortos. Para resolver a questão da mobilidade, Sergio faz uso de duas órteses (aparelhos ortopédicos que dão sustentação às pernas). A deficiência física, no caso do jornalista, era paliada por outra questão que tinha mais destaque em sua vida: a obesidade mórbida. Em 2004, ele se submeteu a uma cirurgia bariátrica responsável por uma transformação significativa na vida do jornalista: “foi a partir daí que descobri o mundo, que era capaz de conviver com o mundo real, pois até então eu tinha uma vida muito reclusa”.

O primeiro fator que impulsionou Sergio a decidir pela redução de estômago foi o tempo. “Estava envelhecendo e queria conhecer o desconhecido para o meu corpo”. O dinheiro que o jornalista economizava na intenção de comprar um carro foi utilizado para custear parte do procedimento. A cirurgia bariátrica é indicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para pessoas com obesidade severa, grau II, e mórbida, grau III, associada a complicações como diabetes e hipertensão arterial, ou que já tenham tentado perder peso de outras maneiras que não surtiram efeito. O procedimento cirúrgico deve ser seguido de novos hábitos alimentares e o acompanhamento de psicólogos, familiares e amigos é de grande importância. No caso de Sergio, a presença e apoio de uma amiga de trabalho auxiliaram muito nesse processo. “A gente criou uma amizade muito forte e ela, aos poucos, foi me conhecendo e tirando coisas de mim”, comenta ele. A moça o incentivou a optar pela cirurgia e acompanhou toda a recuperação. “Nunca tivemos nada além de amizade, talvez por isso a tive como um apoio importante: foi com quem fiz minhas primeiras compras de roupas, foi quem me levou para mudar corte de cabelo”, relembra o jornalista, que mantém o vínculo há mais de uma década. “É o tipo de amiga que a gente não se fala com frequência, mas cada um sabe onde o outro está”.

A associação da obesidade com a deficiência física impedia Sergio de se relacionar amorosamente, pois o jornalista conta que, “com medo da rejeição, bloqueava o ‘gostar’ de alguém, o ‘desejar’ alguém sempre foi algo muito meu, o medo de ser rejeitado sempre me fechou”. Essa conjuntura só se modificou após a cirurgia. “Comecei a me sentir capaz, principalmente, de enfrentar os medos. Foi quando vi que minha deficiência não impedia que eu fosse objeto de atração”.

Fotografia de um homem de pele branca que mostra do seu bigode até abaixo do peito. Ele tem bigode e barba, usa uma camiseta xadrez desabotoada que deixa à mostra seu peitoral. Ele apoia o queixo sobre a mão esquerda. A foto foi editada com um filtro azul, de modo que toda a imagem está azulada.



“Comecei a me sentir capaz, principalmente, de enfrentar os medos. Foi quando vi que minha deficiência não impedia que eu fosse objeto de atração”.

Sergio Guzzi, jornalista




As modificações ocorridas na aparência física tiveram influência direta na autoestima de Sergio, que percebeu que a deficiência não era impedimento para desenvolver e usufruir de atividades cotidianas da vida em sociedade. “Perder peso me fez ver que eu podia usar roupas bacanas, ter um estilo de rapazes comuns, sem que isso tivesse relação com minha deficiência. Vi que ela não me impedia de nada e também passei a entender que a própria obesidade não pode nem deve bloquear a vida das pessoas”, concatena o jornalista. “Mas não é fácil, pois são dois fatores que afetam muito o psicológico. Queira ou não, dependemos de abertura da nossa mente para sermos o que a gente, de fato, quer ser”.

Após a melhora na avaliação que fazia de si mesmo, Sergio Guzzi se abriu para “alguns namoricos”. O casamento com Sílvia veio três anos depois da cirurgia. Ela, também jornalista, trabalhava em um veículo de comunicação diferente do dele na cidade de Araçatuba, mas os dois pouco se falavam. Em 2005, trabalhando no jornal Bom Dia, em Bauru, o contato entre eles se iniciou pelo antigo sistema de mensagens instantâneas MSN e, quando retornou à cidade de origem, “o espírito de um bateu com o do outro e rolou tudo rápido”. O namoro começou em novembro; um mês depois, ele se mudou para o apartamento dela; mais seis meses e compraram a casa própria para morar sozinhos. Um ano de relacionamento e veio a gravidez do primeiro filho. Hoje, a família é formada pelo casal e pelos filhos João e Francisco, que não herdaram a deficiência do pai.

Deficiência posta a prova

A construção de um relacionamento amoroso exige, além de afinidade e atração, entrega e confiança mútuas entre o casal. Muitas vezes, essa é uma experiência na qual a pessoa coloca a própria deficiência em xeque, aprendendo a lidar com ela e com as adaptações que ela exige em relação ao próximo.

Para a estudante de Arquitetura e Urbanismo Fernanda Santana, que tem Síndrome de Asperger, estabelecer qualquer tipo de relacionamento era um desafio. Ela conta que, “quanto mais nova, pior era, porque eu simplesmente não sabia como agir. Ninguém nunca me ensinou que tipo de coisas eu devia dizer pras pessoas ou como eu devia me comportar. Eu tinha a impressão de que as outras crianças e adolescentes simplesmente sabiam como fazer isso – como fazer amizade, dialogar, serem agradáveis”. O processo de socialização dela foi diferente. “Eu tive que aprender de forma metódica, copiando os outros, treinando, tentando coisas diferentes. Foi um caminho bem longo e difícil”.

Atualmente, o padrão aceito socialmente na hora da conquista é que o homem seja o sujeito ativo que se aproxima da mulher, sujeito passivo, o que proporcionou a Fernanda “uma porção de oportunidades de começar relacionamentos”. Hoje, namorando um rapaz há dois anos e meio, ela conta que a maioria dos seus relacionamentos anteriores não durava mais que dois meses. “Começar é mais fácil que manter. Eu acabava assustando ou chateando as pessoas sem querer”. O namorado atual é o primeiro para quem ela conta da Síndrome – “e, no início, ele não acreditou muito” –, pois, nos primeiros namoros, Fernanda ainda não sabia que tinha Asperger, seu diagnóstico foi feito tardiamente, aos 20 anos, e, nos demais, ela não sabia como falar e achava que podia afastar as pessoas caso elas soubessem. “Eu admito que tinha bastante medo e, talvez, até um pouco de vergonha de admitir certas coisas”.

Os sacrifícios que um relacionamento exige também estão presentes no namoro de Fernanda. Ela não se sente confortável em permanecer em lugares barulhentos ou com iluminação agressiva - como faz parte do Transtorno do Espectro Autista, a Síndrome de Asperger afeta a cognição do indivíduo, de maneira que os órgãos sensoriais (pele, nariz, olhos, língua e ouvidos) percebem o ambiente de maneira mais intensa do que acontece para as pessoas não-sindrômicas. O namorado da garota adora ir para a balada, mas acabou deixando de frequentar alguns lugares dos quais gostava por conta da sensibilidade da companheira.

O foco exacerbado em alguns assuntos, característico de quem tem Asperger, também preocupa a maneira como ela pode vir a se comportar ao longo do relacionamento. “Consigo me imaginar perdendo completamente o controle e saindo por aí gastando todas as economias que fizemos juntos em algo completamente idiota”, conta ela. Certa vez, Fernanda começou a ler sobre pimentas e, em seis meses, ela já tinha cerca de 100 vasos com pés da planta na frente de casa. A dedicação ao assunto sobre o qual está interessada no momento faz com que a estudante se desligue de qualquer outro tema, como se somente aquilo existisse ou fosse importante, o que faz com que ela tenha que interromper outras atividades para dar atenção ao foco do seu desejo. “Quando estou nesse estado, a ansiedade bate por ficar longe do meu tema de interesse. Em outros momentos, ela vem por motivos muito mais racionais”, comenta a futura arquiteta. A fixação passa depois de um tempo e se torna um interesse normal, mas, quanto aos efeitos que isso pode ter em seu relacionamento a longo prazo, ela comenta que “este é um problema bem grande que eu ainda não faço ideia de como vamos resolver (risos)”.

Início da Entrevista

A imagem mostra Lucas Xavier, um rapaz de vinte e cinco anos, pele branca, olhos pretos, cabelos pretos curtos. Ele usa óculos, camisa social branca e sorri para a câmera.

Comentário do especialista: O psicólogo Lucas Xavier explica como o autismo interfere no sistema cognitivo

O Transtorno do Espectro Autista engloba diversas síndromes e transtornos que modificam a forma como o indivíduo percebe o mundo à sua volta

Leia o áudio completo aqui!

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Comentário do especialista: O psicólogo Lucas Xavier explica como o autismo interfere no sistema cognitivo


[Entrevistado - Lucas Xavier]

O Transtorno do Espectro Autista é um transtorno de desenvolvimento. Não tem nenhuma explicação certa do que cause, pode ser um monte de coisas: pode ser das substâncias utilizadas na gravidez ou antes, pode ser fator de risco, pode ser um hematoma, pode ser um monte de coisas. Mas é um desenvolvimento diferenciado. Tem hoje estudos de genética colocando bastante traços de genes que estão aparecendo, então é bem interessante.

É um Transtorno de Desenvolvimento que altera a cognição; alterando a cognição, altera como que a gente entende o ser humano. Então, por exemplo, a criança que se desenvolve autista tem uma diferenciação, principalmente, quanto aos órgãos sensoriais. Como assim¿ Os cinco órgãos sensoriais têm características diferenciadas, a audição, visão, paladar e tato são um pouquinho diferentes.

Então tem criança, ou adulto autista que, por exemplo, a hora que eu relo no seu braço, você vai ter uma sensibilidade. Pro autista, às vezes esse tocar, que é uma questão do tato, pode machucar, pode dar prazer, pode ser gostoso, pode coçar. Porque esse transtorno de desenvolvimento alterou a forma de perceber as coisas. Então, na verdade, é uma diferenciação no sinal. Então você recebe o sinal, mas recebe diferente

Fim da Entrevista

Preconceito

O relacionamento com alguém que tenha necessidades especiais pode não acontecer porque muitas pessoas têm preconceito em relação à deficiência. A atriz e empresária Priscila Menucci comenta que “as pessoas leigas têm medo de sentir atração ou até mesmo só tesão por uma pessoa com deficiência. Costumo dizer que somos de carne e osso, temos e podemos sentir prazer”. Priscila tem nanismo, uma doença genética que interfere no crescimento esquelético da pessoa. Entre os cerca de 200 tipos, os mais comuns são o Hipofisário e a Acondroplasia. No primeiro, o crescimento dos órgãos é proporcional ao tamanho do corpo e é possível realizar tratamento com hormônios; o segundo se caracteriza pela desproporcionalidade, quando o tamanho da cabeça costuma ser um pouco maior que o comum, testa alongada e membros mais curtos.

Apesar de ter feito diversos exames, os médicos não confirmaram qual tipo de nanismo Priscila tem, mas alguns a diagnosticaram como pseudoacondroplasia. A relação que Priscila tem com o próprio corpo é das melhores, “não me sinto inferior a ninguém, me cuido como qualquer outra mulher”, conta ela, que diz não frequentar mais a academia por falta de tempo.

A atriz é casada com um homem que também tem nanismo e lembra que, na adolescência, “o problema era na hora de assumirem um namoro”, pois ela se relacionou com homens de estatura mediana e outros bem altos, “alguns conseguiram romper barreiras e outros abandonaram o barco”. Priscila também diz que havia rapazes que queriam ficar com ela por curiosidade em se relacionar com uma pessoa anã: “quando eu também tinha curiosidade pela pessoa, eu ficava”, completa.

O preconceito está tão enraizado na sociedade que não é raro que a pessoa com deficiência o sinta pela sua própria condição. O jornalista Sergio Guzzi conta que nunca havia considerado mulheres com deficiência física atraentes, portanto, nunca pensou em se relacionar com uma. “O preconceito nos afeta de forma muito cruel”.

Esse sentimento também aparece de forma velada, quando o sujeito, aparentemente, não o sente ou passa por cima dele para se relacionar com alguém com condições especiais, mas, na verdade, continua não aceitando a deficiência. Foi o que aconteceu com o ex-segurança Osvaldo Andrade, que ficou cego após um descolamento de retina provocado por um soco que ele levou separando uma briga enquanto trabalhava. Uma das mulheres com quem ele namorou após adquirir a deficiência tinha vergonha que Osvaldo usasse bengala - objeto que auxilia a pessoa com deficiência visual a se locomover. Ela dizia que não era preciso, que podia guiá-lo - foi quando ele percebeu que a companheira sentia vergonha por sua condição física. Após adquirir a deficiência visual, a primeira namorada que ele teve costumava usar óculos escuros quando saía com o ex-segurança, “para que parecêssemos dois ‘normais’”, conta Osvaldo. Na época, ele ainda não usava bengala e, apesar disso, ela foi uma pessoa que o auxiliou bastante a sair da depressão.

Já a universitária Paolla sente que algumas pessoas se afastam quando percebem que sua deficiência pode ser uma condição que dure para o resto da vida. Na época do acidente que lesionou sua medula, a moça estava ficando com um colega de sala que a apoiou bastante nos primeiros dias de recuperação, visitando-a no hospital diariamente e se aproximando da família dela. Após um tempo, o rapaz não apareceu mais, o que a estudante acredita ter sido pelo fato dele ter se dado conta que o estado de saúde dela era grave. Na mesma época, um outro amigo de Paolla, que sempre havia gostado da moça amorosamente, esteve bem presente e acabou conquistando o coração dela. “Ele foi muito presente durante o meu processo de recuperação. Começamos a ficar e namoramos por oito meses”. A postura dele fazia com que ela se sentisse bem. “Ele era muito legal comigo, muito fofo, fazia tudo por mim, sempre me ajudava a pegar a cadeira de rodas ou a arrumar minha posição”.

O relacionamento terminou por outras questões, mas ela lembra que “ele me tratava totalmente como uma pessoa ‘normal’. Às vezes, acho que era o jeito de ele fazer o bem para alguém e se sentir melhor. Sinto muito isso, que algumas pessoas se aproximam de mim nesse sentido, como num trabalho solidário. Por um lado é ruim, mas por outro é bom, porque a vantajosa sou eu”. Ao mesmo tempo, Paolla conta que outras pessoas se aproximam, mas acabam desistindo por conta da deficiência. “Eu paquero, fico e aí vejo que, quando eles percebem que a coisa é séria, é grave e pode ser para sempre, meio que pulam fora”. Ela tem dúvidas se isso acontece realmente em decorrência da deficiência ou por outras questões pessoais. “Sempre fui uma pessoa difícil de lidar, tive problemas de relacionamento, talvez seja por conta disso. Mas eu acredito que deve influenciar um pouco a questão do acidente, às vezes o cara pode perceber que não vai dar para fazer tudo que ele puder comigo”, finaliza Paolla.



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Fotografia em plano retrato. Flávia é uma moça de 22 anos, pele branca bronzeada, cabelos pretos lisos compridos na altura do peito. Ela sorri, usa uma blusa preta com brilhos dourados e batom vermelho. Atrás dela, há um fundo branco.

FLÁVIA NOSRALLA

Reportagem | Redação | Edição

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Fotografia em plano retrato. João Pedro é um rapaz de 21 anos, pele branca, cabelos pretos lisos curtos. Ele usa óculos de armação preta e blusa roxa. Atrás dele, há um fundo marrom.

JOÃO PEDRO DURIGAN

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Fotografia em plano retrato. Júnior é um rapaz de 25 anos, pele branca, cabelos castanho lisos curtos. Ele sorri e usa um casaco preto. A luz do sol incide atrás dele.

JÚNIOR MORASCO

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Fotografia em plano retrato. Suely é uma mulher de 40 anos, cabelos castanhos lisos compridos na altura dos ombros. Ela sorri, usa um casaco laranja e um cachecol cinza amarrado ao pescoço. Atrás dela, há uma construção de pedra e vegetação verde.

SUELY MACIEL

Coordenação Geral

suelymaciel@faac.unesp.br

CONSULTORIA

Ana Raquel Mangilli

Daniel Ribas

Lana Pacheco

Ivan Siqueira Reis

FOTOGRAFIA

Kica de Castro

LOCUÇÃO

William Orima

ANIMAÇÃO

Lucas Loconte


UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA "JÚLIO DE MESQUITA FILHO" - UNESP

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO - 2016